MÃOS PARADAS
(Sala de aula. Colônia dos Pescadores. Agosto de 91.
Motivação: Pedi para os meus queridinhos da 5ª C se deterem longamente na contemplação da própria mão.)
MÃOS PARADAS
Mão mirrada pelo tempo.
Pelo uso.
Pelas descobertas.
Havia em seu movimento um estranho bailado.
Bailado, brincadeira, passatempo...
Não sei.
Juntavam-se na tentativa de segurar o efêmero.
Escondiam um segredo.
Teciam fantasias de fios.
Espreguiçavam-se na borda da janela.
Levantavam-se em sinal de espanto.
Tinham tanta eloqüência.
E um dia ficaram paradas, no ar, para sempre.
As mãos de minha avó.
CARAGUÁ – Agosto/1991
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