Um Verdadeiro Paraíso Perdido no Atlântico

"...POR ISSO EU SOU DAS ILHAS DE BRUMA ONDE AS GAIVOTAS VÃO BEIJAR A TERRA..."

Seguidores - PRESENÇA NECESSÁRIA PARA CAMINHAR...

PRESENTES DE AMIGAS

PRESENTES DE AMIGAS
SELINHO DA DINDA PARA MIM

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PARA O PROFESSOR GABRIEL BAPTISTA DE SIMAS -- PROFESSOR DE FRANCÊS DO LICEU NACIONAL DA HORTA NO PERÍODO DE 1951 A 1956

O HOMEM DE NEGRO





Durante anos a fio, aquele homem enorme, eternamento vestido de negro, vagava com o olhar azul – que azul se fizera de tanto buscar do oceano o segredo que jamais lhe seria revelado.
Plantava-se no cais, imóvel, feito pedra e, na dureza necessária, irmão triste dos penhascos.
Por aqueles lados acontecera a tragédia.
Nunca se soube por que a jovem senhora se havia aventurado tanto nas enormes pedras escorregadias, limo mortal – escorregadias como as macias sedas de um cenário de amor, feito âncora nos dias de mar muito calmo.
Aconteceu. Por descuido ou muita dor. Nunca se soube e ninguém perguntava nada.
E aquele homem passou intermináveis anos de sua vida, olhos fitos no azul sem fim que lhe entrava sorrateiramente alma a dentro e lhe alagava por inteiro o coração até que ele submergisse de vez e bem fundo qual Atlântida perdida para sempre.
Foi assim que ele viveu até ficar bem velho, tão velho que seu corpo eram só os olhos, enormes holofotes, varrendo dia e noite o cais, os penhascos, o mar.
Morreu num dia de bruma muito espessa. Sozinho.
Nem o azul lhe sobrou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SALVAÇÃO

SALVAÇÃO
SURSUNM CORDA! (erguei os corações ao alto)